domingo, 17 de junho de 2018

Reconhecimento ou autocomiseração?

Muitas pessoas acham que a pobreza é causa de espiritualidade, que o pobre, que não tem dinheiro, que mora numa casinha feia, esse é cidadão do céu. E por quê? Da onde vem isso? No século IV, Constantino se ‘’converte’’ e adota o cristianismo como religião oficial do império, então, todo o império, todo mundo, podia ser cristão agora. Mas com essa suposta conversão, Constantino adotou elementos pagãos da cultura grega e romana e começou a cair a qualidade do cristianismo.

O que ocorreu? Muitas pessoas vendo a corrupção dentro da igreja, começaram a abandonar ela, foi daí que surgiu os monastérios, os monges, eles foram se isolar da sociedade morando em cavernas, florestas, buscando uma espiritualidade, achando que se isolar da sociedade, do público, eles poderiam alcançar um nível maior de santificação.

Dois séculos depois, um desses monges, chamado Francisco de Assis (São Francisco de Assis da igreja católica), associa pobreza física com espiritualidade, dizendo: ‘’olha, Deus não gosta de rico, não gosta de riqueza, a pessoa pra ser santa tem que ser pobre e pra herdar o Reino dos Céus tem que ser pobre’’, mas isso não é verdade, porque se fosse, implicaria em 2 afirmativas: todos os pobres iriam pro céu, só pelo fato de ser pobre; todos os ricos iriam pro inferno, só pelo fato de ser rico.

Porém, sabemos que existe muito pobre avarento que ama o dinheiro, porém não tem; e tem muito rico exemplar, que não ama o dinheiro. Nem pobreza nem riqueza é sinônimo de espiritualidade. Se pobreza fosse espiritualidade, Jesus não teria ajudado os pobres, mas os teria deixado lá mesmo na situação que estavam e sobre a riqueza, existem muitas advertências, mas ser rico ou pobre não tem a ver com alcançar salvação.

Mas, e pobreza de espírito, o que é?

Veja, autocomiseração (baixa autoestima, coitadinho, fraco, miserável, podre, pecador, pensamentos de que não vale nada, que não é ninguém, pequenininho, que se acha estúpido, tímido, covarde, pequeno) não tem a ver com pobreza de espírito. Nas palavras pode até ser, fica até parecendo que a pessoa reconhece quem é e aceita a ajuda de Deus para ser melhor e para depender Dele, mas muitas vezes não é isso e sim autocomiseração. Se você mexer com essa pessoa, pressionar ela, vai ver o quanto é vaidosa, não aceita ser contrariada, o ego dela é aflorado, fica na defensiva, é uma pessoa que não quer mudar e que não tem nada de humildade nas suas palavras, naquilo que disse. É uma pessoa difícil de lidar, alguém ruim, de coração duro, orgulhoso. Ela diz que é a pior, mas se você falar isso pra ela, vai aparecer o orgulho, vai te atacar. Pobreza de espírito não tem a ver com temperamento, personalidade, baixa autoestima, falta de caráter, ficar se martirizando.

O que é ser pobre de espírito então? Bom, quando você olha para uma pessoa pobre, pobre mesmo, você vê a necessidade que ela tem. É pela necessidade que você caracteriza um pobre, então quanto mais necessidade alguém passa, mais pobre essa pessoa é. É a necessidade que avalia se é e o grau da pobreza, de alguém. Definição de pobre: aquele que não tem luxo, não tem conforto, não tem riquezas, mas ela tem o básico, ela não passa fome, não passa dificuldade, mas ela só tem o essencial pra viver. Esse é o pobre, ele não consegue comprar um carro, fazer uma viagem no fim do ano, não consegue comprar uma casa, mas tem o que comer todo dia, tem uns trocadinhos pro final de semana. Outra definição de pobre é: mendigo, miserável, cheio de chagas, faminto, aquele que não possui nada, completamente perdido. 

Agora sobre a pobreza de espírito. Veja, ela é a primeira das bem-aventuranças (Mateus 5). Por que? Porque se você não é pobre de espírito, você não chora, não tem fome e sede de justiça, não pode ser limpo de coração, não pode ser pacificador, ....a pobreza de espírito é o primeiro degrau para ingressar no Reino de Deus e é dela que advém as demais. A pobreza de espírito é o ‘’esvaziar’’, as outras bem-aventuranças é o ‘’encher’’ e ninguém pode se encher uma vez que está cheio. É necessário se esvaziar. O pobre de espírito não é ensimesmado, ele é vazio de si mesmo, não se pode encher o novo num recipiente que ainda jaz o velho. É necessário se esvaziar da vaidade, avareza, prazeres, autojustiça (capacidade de justificar a si mesmo, dar explicações, encontrar desculpas pra tudo, falar dos outros, reivindicar direitos, não reconhecer que erra, que precisa mudar, orar de si para si mesmo e não orar para Deus).

‘’E disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo. O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado’’. Lucas 18:9-14 (Publicano era o cobrador de impostos, considerado para eles como impuro. Uma outra versão diz assim: ‘’Sê propício a mim, por causa da minha miserabilidade’’, ou seja, pedindo pra Deus ser disposto favoravelmente, compadecido, inclinado a conceder força sobrenatural a ele, ele está necessitado de Deus, reconhece que sem Ele não consegue viver)

Ser pobre de espírito é se apegar apenas a cruz de Cristo e nada trazer na sua mão. É reconhecer a nossa total dependência de Deus, reconhecer quem se é diante de Deus, se enxergar. Feliz aquele que se chega a Deus assim, que não vê seus próprios méritos, não confia nos seus talentos, na sua eloqüência, capacidade financeira, não olha pra sua família, pra sua fortuna, pros seus dons, ele sabe o estado de miserabilidade e ele só olha pra cruz. Quem você acha que é mais feliz? Um homem que anda na força do braço dele ou um homem que anda na força do braço do Senhor? Você confia no teu braçinho, miudinho? Ele não, ele diz: ‘’nada trago em minhas mãos, em Sua cruz me apego’’.

Todos nós temos que ter isso, porque a única forma de acessar a Deus é assim. Ser pobre de espírito em uma área, não significa que será automático em outra, pois só acontece quando ela reconhece quem ela é, quem ela está sendo, e ao enxergar sua situação, muda. Porém, se não fizer isso, ficará igual, como está, morto. Creia na suficiência do sacrifício de Cristo. Veja o que Paulo fala sobre si, Paulo era top, mas não queria nada de si, ele queria depender de Deus:

‘’... nos gloriamos em Cristo Jesus e não temos confiança alguma na carne, embora eu mesmo tivesse razões para ter tal confiança. Se alguém pensa que tem razões para confiar na carne, eu ainda mais: circuncidado no oitavo dia de vida, pertencente ao povo de Israel, à tribo de Benjamim, verdadeiro hebreu; quanto à lei, fariseu; quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que para mim era lucro, passei a considerar perda, por causa de Cristo. Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar a Cristo e ser encontrado nele, não tendo a minha própria justiça que procede da lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé. Quero conhecer a Cristo, ao poder da sua ressurreição e à participação em seus sofrimentos, tornando-me como ele em sua morte para, de alguma forma, alcançar a ressurreição dentre os mortos. Não que eu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfeiçoado, mas prossigo para alcançá-lo, pois para isso também fui alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus’’. Filipenses 3:3-14

Fonte: youtube
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Pobreza de espírito tem a ver com falta de Deus, seja para reconhecer que precisa mudar comportamentos, seja para reconhecer que precisa preencher o vazio da alma, seja para reconhecer que precisa de força para resolver problemas e situações difíceis, seja para reconhecer que não quer depender de si nem de outros, mas de Deus, para ser muito grande, viver a grandeza de Deus e alcançar pessoas, países, lugares que ainda não conhecem o Senhor Jesus ou que necessitam de uma estrutura melhor para difundi-Lo. Ser pobre de espírito é bom, pois ela necessita de Deus e será cheia Dele, cheia do Espírito Santo, do Seu poder, cheia de Sua plenitude, vida plena, vida abundante, em todas as áreas da vida. Só se alcança isso reconhecendo sua pobreza espiritual e reconhecendo quem é Deus, a riqueza espiritual pertence a Ele, somente a Ele.

''E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra''; 2 Coríntios 9:8

''Mas ele me disse: "Minha graça é suficiente a você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim''. 2 Coríntios 12:9

''Mas ele nos concede graça maior. Por isso diz a Escritura: "Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes". Tiago 4:6

''Tal é a confiança que temos diante de Deus, por meio de Cristo. Não que possamos reivindicar qualquer coisa com base em nossos próprios méritos, mas a nossa capacidade vem de Deus. Ele nos capacitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito; pois a letra mata, mas o Espírito vivifica''. 2 Coríntios 3:4-6

''Os que conhecem o teu nome confiam em ti, pois tu, Senhor, jamais abandonas os que te buscam''. Salmos 9:10

''Alguns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós confiamos no nome do Senhor, o nosso Deus''. Salmos 20:7

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